terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
PERSPECTIVA
Conto I
( Para meus alunos )
No vergar da tarde
um dos olhos do pássaro
escorreu
pela casca da árvore
rolou
pelas bordaduras da horta
foi secando / agregando detritos
perdeu-se num labirinto
de entulho
subiu pela tomba das saúvas
atiçou avalanches
& parou
- seco / coriáceo / vítreo-
na crista do vulcão
onde as formigas desciam
com as folhas
: a órbita-olheiro
não lhe serviu
Veio então a escuridão girina
- delírio terção de lua nova-
De manhã, um homem descalço
com uma haste de capim entre os dentes
especulou, com franqueza, sua própria
adolescência de rotina
& o pássaro caolho pousou na roldana do poço
& o pássaro caolho
recitou / piou
sua mais plena integridade
camoniana
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17 comentários:
"[...] vítreo-
na crista do vulcão"
Li, reli, gravei cenas num tronco da memória.
Mais que um "conto", uma "conta de cristal na nossa retina", onde também pousa a imagem do "pássaro caolho", para sempre nos lembrar sua "integridade camoniana".
Aplausos, seu Chico.
que maravilha!
Nossa! De embelezar os olhos...que maravilha!
"& o pássaro caolho
recitou / piou
sua mais plena integridade
camoniana"
Especialmente esses últimos versos!
Beijo
é bom retornar e diligenciar, como as formigas, pelos seus textos. melhor ainda degustar, sem pressa, versos e cores e sentires.
beijo, mestre!
Como sempre, lindas as suas observações da natureza com estes olhos poéticos. Bj.
Sempre penso em bio e poesia;
eis... aí!!
Imenso prazer.
:)
Paisagem linda dessa vida que tão rápido passa e o que fica são as coisas boas de lembrar.Bj, voltarei sempre.
Assisamigo
Daqui de onde a terra começa e o mar se acaba, descubro-te e pasmo; de admiração. Ainda por cima com o nosso Luiz Vaz de Camões implantado no teu texto excelente. Permito-me transcrever: & o pássaro caolho pousou na roldana do poço
& o pássaro caolho
recitou / piou
sua mais plena integridade
camoniana
Do lado de cá do oceano que nos separa mas que também nos une, segue a minha homenagem e o meu obrigado pelo que me (nos) dás. Voltarei; quando, não sei, mas sei que voltarei.
Abç
Se quiseres visitar a Minha Travessa... não pagas impsto nenhum... rsrsrs
Chico...
na casa de quem já estive, com Mona e Marcos Falleiros?
Se for, ora...ora...
meu Spirituals agradece essas coisas todas, viu
Absolutamente encantada com esse espaço...
Com o que li e senti!
E que filho lindo você deu ao mundo!
Tenho também uma contribuição dessas... O meu se chama Pedro. O sorriso e olhar mais lindo que eu já vi.
Grande abraço,
Cinthya
http://odivaadellas.blogspot.com
Matando a saudade. Vou precisar de muitos goles da sua poesia, viu?
Bravo!
Chico você não é meio doido - poeta
você é um poeta e muito doido. Seu poema foi escrito pelo passaro e pelo percurso das formigas, parece que o poeta apenas vislumbrou o acontecimento. Com certeza seu poema é uma fotogrfia, um desenho um acontecimento poetico portentoso. Abraços poéticos.
Luiz Alfredo - poeta
Esse seu olhar intenso e lírico sobre a poesia da natureza o torna especial, meu caro Assis!
Abração
Fiquei imaginando, acompanhando, e então, cheia de imagens, de asas, de chilreios, de ervas e capins, de delicados delírios poéticos, pulsando em minha cabeça , ou no sótão azul!!! Beijos pintados e alados, saudades, querido Assis.
Chico,
Sua poesia é de uma beleza natural...ambientada na vida que pulsa.Seus versos alimentam.
Chico, é o seguinte. Toda vez que venho aqui fico mais boca suja, porque sou obrigada a exclamar um palavrão! Você é muito bom, muito bom mesmo! Um grande beijo, obrigada pelas imagens que você proporciona!
Amigos, obrigado pela força dos seus comentários. Tenho andado um tanto distante, mas estou ao alcance dos pios. Viva a poesia!!
Chico
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