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Natureza Morta
Fruteira sobre a mesa
réstia de sol ao lado do copo:
------------este o cenário
------------ao acharem a velha
------------naquela manhã
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Deixara a maçã intacta
Luzia na água um sorriso-rã
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------------------------------------------------------------( A uma mulher de botas
------------------------------------------------------------Que depois tirou. )
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Oh dona do tempo e das milhagens
filha do breu e seus algozes
porém abelha
na latidão dos albatrozes
rêmige ao vento
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Guardaste-me o mistério de uma flor
rebentada quando menos se esperou
entre montanhas fincadas de araucárias
e os mares de colinas da coxilha feminil
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Pois foi ali
exatamente ali
na beira daquele mar já meio torto
- meu mar mais morto -
que teu primeiro par de folhas
fendeu-se na flor da areia
pra que verdejasses sob o sol
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Sei, de alguma forma
que hoje rutilas não sei onde
entre os berregos dos cabritos
e os estalos do canário da terra
- os mesmos cantos
que a cada dia reprojetam a solidão pampenha
por onde os rebanhos pastam
e as pequenas aves dormem aos pares
arrepiadas
aquecendo-se mutuamente na noite minuana -
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Debaixo dessa abóbada que não compreendo
coaxo teu nome numa folha de narciso
e aguardo o vulto da lanterna
e a dor da fisga
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Mas já fui rei
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