segunda-feira, 21 de julho de 2008

LONJURAS

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Nos Campos do Norte
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( Para Adriana Lisboa )
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Extraio dos cardais
um poema
-----------do norte
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O bisonte europeu
-----------está ameaçado
; os da América
chegaram a somar
-----------20-30 milhões
-----------de indivíduos
e declinaram para 1.091
-----------em 1.889
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Do meio das inflorescências arroxeadas
que se deitam ao vento na invernada
logo ao fundo da casa
-----------brota uma novilha solitária
-----------que vaga nos sóis
--------------------------e rumina
--------------------------o de sempre
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-----------sustém um passo
-----------e me encara nos olhos
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-----------
e então se vai
-----------a largar esterco
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À noite
seus olhos refletirão a lua
enquanto os meus cairão tão baços
quanto as janelas de uma cabana de toras
-----------no frio

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Fantasmas
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( Para Ana Ramiro )
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Dos verdes
escolheria o chorão
---------------& o gramado
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poria um gato
& um sapo que coaxasse
---------------silêncios
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pra compor uma cena
que a lua gostasse
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Afastaria qualquer riso
---------------de criança
traria a silhueta de um bêbado
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algo de hesitação
---------------arrepios
um dedo de bruma
o ciclo das mulheres
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o desejo
de algo proibido
& um tremendo medo de Deus
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Pegaria então os pincéis
& podaria a raiz
---------------de qualquer atitude
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11 comentários:

Alice disse...

hmmmm... nessa vc caprichou !!
ta linda !

bjkas pra vc

Kátia Torres disse...

Evocou o comum, sem usar o "lugar-comum". Inusitada. Bjs, poeta do sertão paulista.

Cristiana Fonseca disse...

Olá Assis de Mello,
Sublime,simplesmente sublime, estou encanta diante de tanta beleza. Parabéns pelo teu blog, adorei-o e volarei sempre.
Muito obrigada pelas palavras gentis e pela vista, é um prazer ter você la no meu blog, volte sempre.
Beijos,
Cristiana Fonseca

Sr do Vale disse...

Chico, gostei do poema, parece pequenos Hay Cays aglutinados, instantâneos de momentos vividos.
Tenho pouco tempo, mas vou voltar.
Obrigado pela visita, você está convidado a entrar a hora que quiser e sem bater na porta.
Abraços

fadazul disse...

Seríamos por acaso parentes?????
passando tal curiosidade, amei seu blog, seus premios, sua perspicácia
hummmmmmmm, amigo gostei do mello que dividimos não sei como!!!!!!!
bjks volte sempre aos meus blogs

Paulo disse...

NO SUL...um "deserto" longo


Os rios correm a juros
Nas margens dos latifúndios
Sob os limos há peças
De roupa descoradas
A tocar a finados
Nos campanários da água
Como os sinos das aldeias
Orquestram-se os óbitos
Com os nomes do Tónio
Do Manel do Sortes.

Paulo Sempre

Abraço

Anônimo disse...

Adorei cada pincelada...os fantasmas (e arrepios) que habitam esse poema...obrigada, meu caro. um beijo da Ana

ANALUKAMINSKI PINTURAS disse...

Belíssimo poema, Chico! E comovente, e tocante: algo em mim vibra e quase chora quando viajo por estas linhas... que regiões íntimas as letras atingem?... Este o mistério da poesia, e da arte: tocar em zonas enigmáticas, às vezes escondidas, de nossas lmas amantes e errantes! Saudades,amigo. Abraços alados!

Adrianna Coelho disse...


estou aqui lendo há um tempinho, mas despois desse poema, resolvi te assombrar... posso? rs

Assis de Mello disse...

Claro que pode me assombrar, Pavitra. Quem sabe sai um outro poema ??!! rsss

Adrianna Coelho disse...


acho que vai sair mesmo! rsrs

gostei do que vc escreve tbm, e muito!

beijos