sexta-feira, 24 de outubro de 2008

TORTUOSIDADE

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Na Borda da Ilha
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( Para Graça Pires & Alexei Bueno )
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A brisa de fim de chuva
---------------o sol recatado
desnovelam sensações
em torno do farol
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Libélulas pousam
na estreita amplidão do píer
nenhuma
nau
atraca
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Uma certa amenidade substantiva
e convincente
suporta o estridular de um gafanhoto
que esfrega as pernas nas asas
ao medir o tempo
antes que algo de novo aconteça
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que algo de antigo
---------------aconteça de novo
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pois a craca é imune ao bater das ondas
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e pensar
é um remendar
constante
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13 comentários:

Graça Pires disse...

Antes que algo de novo aconteça, não vou medir o tempo, mas a imensa emoção das palavras que "desnovelam sensações".
Sensibilizada com a dedicatória.
Um abraço.

f@ disse...

Um remendar que não podemos evitar...
Sempre admirei essa destreza e elasticidade do gafanhoto...
Excelente esse poema
Beijinhos das nuvens

Alice disse...

Uaiiii !!! vc ta vivo ????

d'Angelo Rodrigues disse...

Enquanto "pensar é um remendar constante", a sua poesia é alta costura. Asas de insetos ganham alturas enquanto se mensura o passar do tempo. Abraços, Chico.

Lau Siqueira disse...

Sabe, mano, depois que li em Rilke que por onde anda a poesia, qualquer crítica jamais passou (ou algo semelhante), fico constrangido em ter a minha opinião confundida com uma opinião crítica. Quando leio um poema, não é os defeitos que procuro, mas as suas possibilidades. Poema ruim, nem leio. Você vocaciona a linguagem para a busca do sublime. Isso, pra mim, já é sublime. Ou seja: identificar essa busca no seu poema, já é sublime. Coisas de Longino, acho, transitando no meu quengo. Pois as coisas são exatamente aquilo que procuramos, creo yo. Seu poema tem alto teor filosófico e ao acoplar sua concisão num fechamento de dar gosto à leitura, revela um poeta cuidadoso. Estou lendo uns ensaios sobre concisão, mas tenho lá também minhas idéias. Acho que este seu poema, por exemplo, é um exemplo de concisão. Não tem nada sobrando. É poesia pura, mano. De alta qualidade. Parabéns!
Um abraço!
Lau

Eliana Mara Chiossi disse...

Prazer em conhecer teu espaço de artes.
Bons poemas, motivo para voltar mais vezes!

Beijos

Anônimo disse...

De remendo em remendo, vamos tecendo - e melhorando - nosso pensar.

Eliana Mara Chiossi disse...

Olha, teu comentário lá no Mundo me deixou feliz de um jeito...
Grata pela visita, feliz porque você gostou e honrada pelo link...
Beijos

Cáh Morandi disse...

linda imagem!

Barone disse...

Mais um belo poema

pensar
é um remendar
constante

Márcia Maia disse...

Que poema maravilhoso, Chico! Vou ficar muito tempo por aqui. E vou linkar nos meus dois blogues, papa poder voltar e voltar e voltar.

Um beijo daqui.

Moacy Cirne disse...

Meu caro: Grato pela visita ao Balaio. Seu blogue agradou-me duplamente: pelos poemas, geralmente inventivos; pelas fotos, quase sempre interessantes. Ou mais. Enfim, voltarei. Um abraço.

Loba disse...

Chico, Chico! Que texto! Poesia da mais pura!
Nossa, tou toda exclamativa, né? Ah é que vim lá debaixo me envolvendo e me enovelando em versos.
Muito bom estar contigo, garoto de olhos lindos. Eu sempre descubro isso depois que me perco muito. E é gostoso de reencontrar. Sempre!
Beijo! E outro.