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A Mulher Como as Águas
Supus ser possível
---------------transpor
-------------------------todas as margens
-------------------------dessa água
-----------------------------------todas as
-------------------------quedas e remansos
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-------------------------a dança da espuma
-------------------------a se esquivar das rochas
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-------------------------as rochas
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-------------------------o filete das bicas
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-------------------------o olho do remoinho
-------------------------& os colóides
-------------------------suspensos
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Reputei exeqüível
---------------quantificar
-------------------------os sais
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---------------qualificar
-------------------------o flanar do plâncton
-------------------------na lua da pele
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-------------------------os segredos pelágicos
-------------------------que deixaram cicatrizes
-------------------------no baixo-ventre
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Quis compreender
---------------os arcanos dos bentos
-------------------------nos taludes & nos abismos
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-------------------------onde
-------------------------- havendo luz -
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-------------------------uma raia imprimiria
-------------------------sua sombra
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Também cogitei
---------------apreender
-------------------------o espaço entre as algas
-------------------------por onde os argumentos
-------------------------meneavam
-------------------------caprichosos
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Não consegui
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Por isso
---------------não te espero mais
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-------------------------nem aqui
-------------------------nem na chuva
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10 comentários:
Lindo!!! Acho que realmente não é possível transpor as margens sem se debater nas rochas.
beijos ternos
mas espero eu um outro poema
onde meus olhos se abrigam
(irritados)
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um beijo
Olá Chico,
Vir ao seu blog é assim como... Conhecer o mar após navegar em um rio caudaloso, recheado de águas pluviais...
Amei o poema.
Beijos.
Chico,
Sempre tão cheio de imagens naturais, tão lindas como as desreve.O final é súbito, me surpreendeu.Muito Bom!
Dá pra ver o amor pela biologia como uma imensa diagonal na sua poética.
E o jeito como utiliza a àgua como significante me fez lembra de Federico García Lorca. não preciso dizer mais nada, né.
Abraço
Chico, essa simbiose entre a sua poesia e a natureza deixa um rastro de vida subjacente. É um encantamento pela forma e e peloconteúdo. Lindo, mais um que destrói, no bom sentido. Beijo.
Assis
foi uma grata surpresa visitar o seu blogue. Você sabe escrever poesias. Uma certeza: escrever bem não é algo que se aprenda (embora o treino seja essencial); é uma coisa que já está na pessoa, principalmente quando este algo é a poesia.
Cissa de Oliveira
Uauuu, lindissimo.
Tem gosto de bolinho de chuva com uma xicara de café fumegante.
Cheiro de mato & cor de saudade.
...delicado!!
Blunck Thiago
Uau...
Que fotografia
magnífica Chicão.
Interesting
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