*
*
essas córneas
vibráteis----------------------
efêmeros címbalos
de Argos e mares
se prendem
nos pontos----------------------
além-imagináveis
de arcos celestes
fachos em riste
desvanecem soslaios
d’alegria decídua:
flashes aéreos----------------------
imprimindo contornos----------------------
*
----------------------------------------( Para Ana Lúcia Paterniani
------------------------------------------amiga de lonjuras temporais )
Cá estamos
com essa exclusiva insanidade
cotidiana
roendo unhas
entre caixas de aprazolan
e n cápsulas de sertralina,
cloridrato
*
A prescrição funciona
O pânico foi emoldurado
entre duas lâminas de vidro
e sustenta-se num parafuso
enfiado na parede
de um quarto
que evitamos
Bem-vinda é a chuva
nessas noites de alforria
conquistada
a faca e foice:
parte da água
percola nos jardins
e na terra dos vasos
e, como um homem comum
dará boa cama e boa seiva
a que despeja no telhado
- ó triste fado -
percorre rotas contorcidas
no interior de ductos
que quebram-se em ângulos
nos túneis de metal galvanizado
antes de lavar o chão do pátio
e a chuva do pátio
terá destino mais prosaico
num metrô de PVC
que desemboca na sarjeta
A estória dessas águas
sumaria a história de uma vida
e nesta noite de ação de graça
e bioquímica domada
pegamos uma tela em branco
pigmentos, pincéis
e criamos cenas de uma infância surreal
- P.S. -
*
As águas das pias, dos chuveiros
dos vasos sanitários
sentenciadas e servis
terão destino asqueroso
Antes que a noite morda
Nenhum comentário:
Postar um comentário