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O crepúsculo
é um santo
empalado
por seu ínsito desatino
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A noite é mesmo da larva
num cadáver de bode
carcomido em fuga
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E a manhã
é o próprio caprino
a bicheira lançada
o santo demente
a estaca
e o rombo
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Posa de anjo
a manhã
em sua luz de falsa candura
que só cegos não vêem
pois
vissem
vazariam os olhos
com caco de espelho
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Fugir dos claros
- eis a sina dos soçobrados:
vampiros de nós mesmos
estornados
na ausência de pescoços
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Apago a chuva
e acompanho
--------------------a sorte
de apenas duas
de suas gotas:
uma levemente defasada
em relação à outra
em diagonal a outros brilhos e filamentos
no mesmo instante em que espatifam-se
na folha d’água
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que tentei dizer àquela moça
Lucrécia
nos longos idos de setenta e poucos
ao beijá-la
na soleira de sua porta
diante do vidro baço
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de duas pintas
no ombro esquerdo ?
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2 comentários:
Linhas que se entrelaçam, cruzam, confundem... linhas que se embaralham... que se abrem e se fecham, num ritmo irregular... caminhos que se dividem, ao se multiplicar... cores que se separam, embora continuem a se contaminar... movimentos, solidões, esperanças esboçadas num contorno inconcluso curvilíneo que lembra um violino... Há algo musical, nesta imagem, mas é um som urbano, sim: buzinas, competindo com motores de automóveis e diversas outras misturas, maquinizadas, quase quadriculadas, em seus mundos-cubículos assimétricos...
Olá, poeta!
Deambulando pela net achei estes excelentes poemas. Parabéns.
Abraço.
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