sexta-feira, 6 de abril de 2007

PRELÚDIO AO AMANHECER

Acrílico sobre tela
*
*
*
*
*
À Retentora do Tempo
*
( Para Leiluka
fotógrafa, poeta )

*
*
Negro mar escondido nos olhos
-------------------da Valquíria
guardiã do tempo
- nume que capta os segundos
feito um menino--------------
a segurar um pássaro


E nos improváveis ângulos da procura, um náufrago
na madrugada fria de um sonho
( de um sonho lavado
no tempo estancado
na península)
liberta duas balsas
de pena & de paina


As ondas adentrarão naqueles pórticos
mas
sob a lança de Odin
nenhum enigma
será decifrado
*
*
*
*
*
Racional e Fórmula para uma Noite Augusta
*
*
( Para Viviane Mosé )
*
*

Orna-te de impressões
apenas
só de impressões
que o concreto é morte certa
*
*
Vero é o efêmero
o mais não vinga
impõe-se de fato
a sede, a saciação
*
*
Não vinga a água
nem fica o rio, mas o nadar dos peixes
e, indo-se o peixe, resta seu lume
vai-se a escama
*
*
E o que dizer do semblante plácido
no andar dos velhos
se nele o que enternece
não são cabelos
mas suas cãs ?

*
*
Tampouco vem a pompa da coroa
ou cetro
mas da realeza, que a realeza é vera
*
*
Vê:
desanda no tempo a casa-
encapa-se de mofo, escamações
derrui
Todavia, 1 minuto perpetua
num mesmo que minguante abrigo

- clara é a regra
*
*
Cobre-te
de sensações, então
que estas perduram

*
*
Toma uns matizes de miçangas
e sementes
assenta-os na lomba morna
de teus quadris
e caminha
por uma via de nácar
espalhando
toques / sabores / cheiros
*
*
E assim te faça:
luma-deusa
empinada e cristalina

*
*
E assim te queira:
ampla e farta
de tropicais fastígios
*
*
E quando pronta te apreenderes
liberta, órfã
de concretudes e arrazoados
dá-me tua mão e vem:

tinjamos de Chagall
a madrugada
até romper o canto
do primeiro galo
*
*

Nenhum comentário: