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Rasgo
meu silêncio
de
sargaço
e breu
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Como aquietar-me
neste
mar
de versos mínimos
.........................do plâncton
.........................cria seu próprio
.........................panteão ?
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Fios de encantamento
também cosem
oceanos
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das noites
; busco a leveza
do óleo
e o ímpeto hormonal
do meio-dia
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e lentidão moluscos
que vejo o mundo
e também trago a casa às costas
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Relevo toda viscosidade
todos os géis, plasmas
; qualquer latejar é um caro amigo que tenho
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Retribuo suas carícias
quando meus pelos se eriçam
nas touceiras dos guaraxains
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e bendigo o leite da lua
que se derrama sobre a flora
que penetra na solidão ondulante do mar
que reluz, concentrado, na superfície limosa da turfa
*
pra sentir nesses átimos
teu próprio respiro ?
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pois então... diz-me quem sou
que
dessas coisas
me nutro
Nunca deixei de enaltecer o leite
das fêmeas
o leite que veio do leite do macho
*
um lagarto verde
que me acena
co’a cauda
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e ao tato
feito uma planária na planície
ou uma pequena elevação
de tecido erétil
encravado no vértice
de um pequeno fiorde
logo ao norte de Kristiansund
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, como disse
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Cultivo um mar de samambaias sob a pele
um mar de avencas
e bons presságios
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e por mais que migrem os pássaros
as batuíras sempre retornam a mim
pois sou homem de amar
*
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mas clareio as olheiras
dos que minguam na sombra
*
; destilo iras
e devolvo alento
Retorno afeição
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como o louco na torre
o doidão na bastilha
( Mas também não se vive de ilha ? )
*
: mesmo mortos
os escribas de Hamurabi
os grão-vizires
Bach e o tropel dos hunos
ressoam
em minhas manhãs
*
*
Prefiro ter-me
como o airado aéreo das amplidões
, aquele a quem
as antigas bruxas
cantam e cavoucam a terra
dando forma a meus jardins
Tenho brisa perfumada
no alvorecer
*
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que ora me fitas nos olhos
e súbito baixas a guarda
quando me desligo
pra elaborar um pensamento
, como é que tu me estimas ?
*
*
O que dizes
das qualificações que recebo
dos robôs cartesianos
que passam a vida
repetindo tarefas
e
etiquetando latas ?
*
*
De que vale
semear relógios ?
*
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ao pentear a barba
me traz alívio
momentâneo
Portanto sou feliz
e abraço o mundo
*
e nunca vi galinhas
a desprezar insetos
nem porcos um banho de lama
então repito que sou feliz
e abraço o mundo
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Na estação das águas
contemplo os canteiros das bruxas
; no estio
retiro os camarões das tocas
- eis de onde vem minha extrema felicidade
em abraçar o mundo
*
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Eis de onde vem
o primeiro cio das potras
a paisagem em semi-tons
e o olvidar constante
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6 comentários:
adorei seu blog. os poemas e as fotos e o clima.
as fotos também são suas?
beijos
Belíssimo! Tanto a imagem quanto os poemas.
Parabéns! Um abraço.
Fui um pouco mais além e li muitas outras coisas. Palavras exatas buscando o infinito... gostei muito!
Um grande abraço!
Lau
fala chico!
curti o blog
as pinturas figurativas do meio pro fim do blog são uma viagem.... aquela técnica com cera de abelha e tal... muito louco e com efeito surpreendente
poetabraços
clauky
Olá Chico, muito prazer.
Obrigada pelo convite no orkut e por me convidar igualmente a conhecer seu blog. Que encanto de poeta contemporâneo, direto e original você é! Gosto desse estilo que preenche a tela e me faz querer ler o poema até o fim, ao mesmo tempo em que entrevejo suaves metáforas... Adorei! Seus desenhos também são bonitos - não sei porque mas me identifiquei mais com "Beija flor" e "Enigmas".
Um grande abraço - indicarei seu blog em meu menu à esquerda setor "Dicas", para que meus amigos também possam se deliciar com sua arte.
"Nunca deixei de enaltecer o leite
das fêmeas
o leite que veio do leite do macho"
É difícil escolher, neste poema, a melhor passagem, ou o trecho que mais se gostou.Se tivesse que faze isso, era como se dividisse Chico. Chico não é para ser dividido. É único!
Bj, da Katita.
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