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I
Imergi meu corpo
num tonel de heranças
na quilha de uma hora ressonante
----------------------oca hora
do tabernáculo de um molusco
devorador de areia e de vidro
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II
O tempo passa para todos
e abre sulcos
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A vida inteira
imergi minhas amplidões despudoradas
nas fendas de mulheres transparentemente mornas
com dentes nacarados
----------------------que
----------------------via-de-regra
regavam seus quintais com aquavita
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Cheirei de todas as rosas
Provei das gorgônias mais vis
----------------------e agora estou aqui
----------------------neste barranco, velho
a decifrar enigmas
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III
Tantos assombros, mais um:
um mosquito esmagado
nas páginas do Popol Vuh:
e X Balam Ke, os gêmeos Caçador
e Jaguar Veado
puseram os mosquitos a seguir
pela estrada negra
para picar pessoas e os bonecos
de pau
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R Atit Qih / R Atit Zak
( avó do dia / avó da luz )
Bendita demência escarlate
Minhas avós jamais suspeitaram de seus próprios
conselhos
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11 comentários:
Em cada poema, você se supera. Essa analogia entre os bichos e percepções humanas tratada poeticamente é um trabalho minucioso de construção de versos, de escolha de palavras exatas no lugar certo. Chico, mais um que arrebata.
O último verso:"Minhas avós jamais suspeitaram de seus próprios
conselhos" fantástico. Beijo.
Obrigada pela visita e mais ainda por poder ler a poesia ao Lubby. Mais que isso: uma homenagem ao um amigo que é de sempre e para sempre. Um amigo que veio e que jamais irá embora, pq possui o poder de marcar definitivamente o coração apenas com boas lembranças. Rariadade entre os humanos....
Infeliz daqueles que não acerditam nesse amor e nesse compartilhar de vida.
Felizes os que vivem e dividem com os ANIMAIS IRRACIONAIS, sim, ( ainda bem irracionais....se fossem racionais, seriam humanos e deixariam de ser o que são:perfeitos) a alegria de uma vida.
Acredito nessa presença que não vai, nesse amor que embora longe fisicamente é presente para sempre, pq eu vivo isso. Loucura para alguns. Loucura para aqueles que nunca tiveram o privilégio de amar um animal e ser amado por eles.
AMEI seu blog.
Linkando vc
beijo
..............Cris Animal
Vim conhecer... Poemas lindo e instigantes!
Força a ler e reler...
"O tempo passa para todos
e abre sulcos"
Esses sulcos é que mata a gente...rs
Aqueles que ficam sangrando... Ah, esses são os piores!
Beijo avassalador!
um poema cheio de palavras "esotéricas", gosto de tuas metáforas... e as avós aluniadas.
Maravilhoso!!!!
Poema noir de primeiríssima qualidade. Tocou em mim:"Bendita demência escarlate
Minhas avós jamais suspeitaram de seus próprios
conselhos".
Parabéns, amigo!!!
Abraços
Mirze
Prezado Chico:Esse é um poema desdobrável, multiplicável, matriuskas saindo umas das outras:memórias, histórias, tudo em refinadas filagranas que , no entanto, têm a maleabilidade da prata,a ductibilidade do ouro, o peso do aço, o brilho do rubi.
Mas a carne é flor, e o aroma se expande, mesmo virtualmente.
Cordiais e sinceros cumprimentos.
Obrigada por linkar meu site EROTISSIMA(http://erotissima.blogspot.com)
Clevane Pessoa de Araújo Lopes
Salve, Assis - meu bom poeta!
Teus escritos - de prima - são ânimos de vida de que preciso para amar a poesia.
Tê-lo entre os bons, encabeçando os meus favoritos, e, tendo a possibilidade de te acessar a qualquer momento, explica a canina admiração que eu nutro por você.
Obrigado pela dedicação!
Para sempre: amigos!
nossa... tou diger-indo. e tá uma delícia :)
Suas avós se orgulhariam de um neto assim. Bendita seja a sua demência escarlate, meu grande Chico!
descobri.te após uma visita tua e rendo.me às palavras que tecem poemas
onde os avós somos nós e nós os meninos avós que matam os mosquitos ,porque estes nos picam ... espectacular metáfora!
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um beijo
poema bastante másculo.
há de ser lido com temor.
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