segunda-feira, 27 de abril de 2009

TEMPO

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Coisas do Tempo
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( Ao poeta E. M. de Melo e Castro )
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O tempo
entrou pelas portas
e intimou-me
a seguir com ele
até a falésia e a praia
na manhã de chuva
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Eu, afeito a abstrações
não me intimidei
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- sair com o tempo
-----------------é não ter
-----------------que poupar delírios
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Perante uma eventual
filosofia
vesti minha nudez meio esquecida
e fomos em pêlo
na contraluz do dilúvio
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Três mulheres
carregavam filhos de sal
que se desfaziam na chuva
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uma quarta gestava salmoura
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; escondi-me na amplidão
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Na interface / entre / dois mundos
onde os raios de luz se refratam
-----------------como um bastão
-----------------que vara a água
lembrei-me
d’uma viúva que seduziu-me
numa tarde há muito perdida
e, a sentir o calor de meu falo
sussurrou:
------------------ Otávio ! -
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quando meu nome era Pedro
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5 comentários:

f@ disse...

Desvario de sal adocicado de lembranças….

beijinhos

l. rafael nolli disse...

A imagem dos filhos de sal me deixou sem palavras. Muito bom.

l. rafael nolli disse...

A imagem dos filhos de sal me deixou sem palavras. Muito bom.

Marcia Barbieri disse...

Fantasticamente bom, filhos de sal e o tempo como companhia...

beijos ternos

Adriana Godoy disse...

Uma companhia e tanto: o tempo e sua memória. Assis, lindeza pura. Choro lágrimas de sal. Beijo.