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1.
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árvores sem copa
répteis / couro de gato
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descompasso nas horas
que fogem das lampreias
---------------num fluir
---------------longínquo
---------------& acinzentado
:
mandíbula na areia
escalpo na mão
olheiras transfixadas na planura cárstica
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derme / dolomita
berne
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---------------hamadríades
---------------mortas
*
pedregulho
---------------borra
silêncio / barro
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napéias
sepultadas no colúvio
*
---------------oceânides
---------------de
*
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2.
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qualquer iluminação escondida
sob a densa manta
---------------de xisto
---------------pretérito
na via de violetas glabras
*
- violetas
com folhas de zircão
---------------& pétalas
---------------de osso de siba -
*
jugular sedada
carótida partida
*
*
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3.
*
passou fácil
---------------pelo túnel do parto
---------------a tragédia
*
a mãe / esvaziada / branca
---------------busca alento
---------------na parede do derradeiro poço
*
---------------: estende seus olhos
---------------no deserto
*
: estende seus olhos de mãe
pra ver a filha mastigar distância
*
& logo penderá seu corpo para trás
*
---------------:
---------------ossos
---------------sobre a pilha
---------------de ossos
*
*
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4.
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os xamãs acocorados
previram o desfecho
na fumaça
*
o ovo branco interpelado
na sibéria de alvaiade
---------------é
---------------nódoa de sol
---------------na sibéria calcinada
---------------de alvaiade
*
inda se ouve
o eco da pedrada
*
*
13 comentários:
Chico, é coisa de quem já viu passarinho apedrado e resto de queimada... essa coisa dá uns instintos ferozes... claro que depois poremos a culpa em deus ou no diabo...
Forte abraço.
Chico, com esse vocabulário tão rico , com esses versos tão expressivos, eu babo...cada poema desse é um deslumbre, um delírio. Aplausos. beijo.
meu amigo chico, o que dizer desse poema? me sinto honrado com a dedicatória. que voltar outras vezes de degustar novamente suas palavras. obrigado e um grande abraço poético desse amigo.
Chico, pois eu me encantei aqui. Biologia é uma de minhas paixões, junto com poesia. E uma voz que une ambas, como a tua, é coisa de se tratar como uma dádiva. Taxidermista que fui (ainda sou no coração), faço as leituras daqui como um agradável exercício de reconstrução de esqueleto (me lembram catedrais)... vou, a cada vértebra de vocábulo lido, visualizando os vitrais. E tem cor. Me sinto em casa. Grande abraço.
Fantástico!
Vai dando uma angústia na gente... Muito forte. Delicadeza e pungência simultâneas.
Dá para ver, ouvir e sentir.
Como disse a Adriana: Aplausos!
Beijos
me passou um xerox interno. acertou em tudo. camaleões se entendem.
* eu te agradeço.
Bello , profundo e intenso poema. Me encantó Felicitaciones! Un abrazo
Pois seja sempre bem-vindo no Reino das Palavras meu querido.
Obrigada pela amável visita :)
eu e Márcia somos conhecidas de blog.
mulher fantástica!!
assim como tudo que escreve.
gosto muito de suas palavras :)
e estou adorando conhecer o seu trabalho.
Retornarei aqui depois para ler tudo com calma =]
Um beijo e uma boa noite!
Chico
Você levou luz para meu blog e agora só brilho. Aceito todas sugestões, mas na galeria está faltando mesmo é você. E este seu espaço poético é maravilhoso e fico babando a cada poesia.
Adorei sua visita e o quero sempre pertinho. Beijossss
Gostaria de convidá-lo a passar no meu blog Diálogos Poéticos que tem um selinho lá pra você.
Um abraço.
Eita meino, essa confusão de sentido e palavras me tocou...nasceste para o ofício das palavras, sabes penetrá-las em silêncio e em silêncio, através dessa telinha, expandir-te pelo mundo...Voltarei para ouvir teu doce sussurrar...belo poemarte.Belo.Até breve.
A vida é um eterno fluir... Toda pedrada - ainda que distante - também nos atinge. Sempre tão bom te ler, chico. abraço!
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