e seu Assentamento
*
colega de minúcias
e Raquel Naveira
poeta, aranha
fiandeira )
*
feito uma noite modular
um senso de eternidade
vermes retorcidos
na escuridão
------------como o tempo
crustáceos que viram bola
secreções
O mundo no fundo : viga-mestra de seu imo
Âncora * Alavanca * Atríolo na vastidão * Arrimo
*
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***
*
E certas damas glaciais
que ciscam no eterno sábado
com olhos de frango------------
de granja
notam o trevo a teu lado
mas não a ti
que não trazes sorte
os maridos práticos
com botinas de bico de aço
e avaliam os porcos pelos traseiros
*
*
e qualquer referencial
redundado em correnteza
és deuses e vertigem
sopro e pulsação
rebrota
*
só a mim e a ela
a demência dessa aranha
que torceu um túnel de seda
de seu remoinho
nessa fresta de silêncio
apontados para o além ) :
atados num cordão de juta
a reger uma sonata )
*
*
Outro pássaro emerge do vazio
e me desperta
*
Eu, inexprimível tordo
desbotado na crosta do barro
já nem sei onde foi que embrionei-me:
se em Ushuaia ou Pucallpa
ou nas ruínas de Cuzco ou Copán
Mas sou da América
e vasculhei toda esta terra de poleiros
camuflados no verde
onde tantos nativos foram exterminados
por ouro / prata / pirita
e cem motivos de força maior
*
O outro pássaro investiga meus gestos
com olhar estrangeiro
e embora não brilhe intenções
de rapina
é melhor ter cuidado nesta América austral
pois aqui
há pássaros que parasitam ninhos alheios
e também os que imitam o pio de outros pássaros
para usufruir da cortesia do bando
e muitas vezes nossos próprios pássaros
incluem em seus piados estranhas notas
de outras melodias
que solfejamos sem compreender
*
Não sei se concebi-me ao sol
ou ao estouro
de um trovão de veranico
mas sejamos justos a nossos dialetos
2 comentários:
Adorei! E roubei...(com os devidos créditos, é claro).
Este lembra um pouquinho (pois não?) o Miró!... Mas o detalhe dos postes e fios de luz está interessantíssimo!... Que céu suave no fundo destas figuras tão vibrantes! Bonito contraste.
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