e um pouco mais
do que não havias planejado:
a ousadia
de um sol nas omoplatas
um pequeno bivaque na serra
a lua nos dentes, a lentidão nas horas
*
É a ti que reservo, por suposto
o pio da ave rubra
e as noites mais leitosas
*
por onde os grilos ecoem
entremeados na ramada
*
e as secretas cochonilhas
rezem silêncios
de raízes
*
----------------------poderia conter no vórtice
----------------------os ovos de um cuitelo )
*
1/2 lua
e a dança tua
deterei
neste tempo afoito
*
como tudo mais
que se move
*
E do fogo que ardia
em teu pelo
gardarei fagulhas:
súmulas do pasto
que me há saciado
*
Também
perpetuarei
tua boca
a lamber-m’a face
com fúria de lobo
e o que houve de probo
no olhar sem cautela
andrajoso, roto
entre urros e coitos
*
Ah, e por que não
ainda
trancafiar os retratos
das mãos obscenas
no chão
parque
relva
sem muito supor ?
( ...se eram dedos de garoa fina
em pétalas de canção de pássaro... )
*
Do mais, manterei o vinco
Mas atarei, de soberba, ainda
teu umbigo cálido
*
E então, num arco de lua
co’a pele tatuada
por tua carne crua
e havendo dançado
um súbito fado
farei dormir
meu sono pesado
( dormência de cobra
deste tempo afoito
- torcida no vidro
numa espécie de 8 )
*
*
2 comentários:
Oi...Chico.
Esse quadro é muito interessante nao só pela requisa de detalhes mais tbm pela representação de um móbile...interessantíssma abstração.
Beijos
Chicão
parabéns.Seu trabalho é de uma delicadeza que só quem lida com delicadezas é capaz de sentir e concretizar no vazio de uma tela.
Imagens que me remetem à Miró,representações singelas,de linhas puras que me faz retornar à infância.
Parabéns.
Ju
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