TRIBUTO A CALDER

Acrílico sobre tela

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Ofertório

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A ti, o suficiente
e um pouco mais
do que não havias planejado:

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a ousadia
de um sol nas omoplatas
um pequeno bivaque na serra
a lua nos dentes, a lentidão nas horas
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É a ti que reservo, por suposto
o pio da ave rubra
e as noites mais leitosas
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por onde os grilos ecoem
entremeados na ramada
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e as secretas cochonilhas
rezem silêncios
de raízes

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Posse e Desfeitura
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-------------- ( À memória de um certo umbigo-

----------------------gral que, de fundo e belo
----------------------poderia conter no vórtice
----------------------os ovos de um cuitelo )
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1/2 lua
e a dança tua
deterei
neste tempo afoito
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como tudo mais
que se move
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E do fogo que ardia
em teu pelo
gardarei fagulhas:
súmulas do pasto
que me há saciado
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Também
perpetuarei
tua boca
a lamber-m’a face
com fúria de lobo

e o que houve de probo
no olhar sem cautela
andrajoso, roto
entre urros e coitos
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Ah, e por que não
ainda
trancafiar os retratos
das mãos obscenas
no chão
parque
relva
sem muito supor ?
( ...se eram dedos de garoa fina
em pétalas de canção de pássaro... )
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Do mais, manterei o vinco
Mas atarei, de soberba, ainda
teu umbigo cálido
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E então, num arco de lua
co’a pele tatuada
por tua carne crua
e havendo dançado
um súbito fado
farei dormir
meu sono pesado

( dormência de cobra
deste tempo afoito
- torcida no vidro
numa espécie de 8 )
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