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Uma alma exposta
---------------sem velames
fino hímen
num íntimo crepúsculo
Falo de lembranças
Falo
de teu olhar melancólico
---------------mas impelido por desejos
e de uma fina saia de fazenda indiana
que te cedia o vento às coxas
É dos lábios em meus dentes
---------------que falo
de teus hálitos, sabores
e do calor
---------------com que tatuavas meu peito
---------------no recolher dos pássaros
Nunca me esqueci daquela sensação de vagas
---------------com seus bruscos faleceres
---------------seguidos de um súbito parir
---------------em nosso respirar
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e de cada um dos gemidos
---------------que não ousamos conter
no turbilhão de santuários
que nos coseram no tempo
Falo de tua alma exposta, explícita
---------------e sem velames
de tua maneira de se anunciar
---------------como a mustela no cio
e de teus olhos de corça
---------------e de minha rigidez de árvore
---------------sem gretas na cortiça
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Um comentário:
Francisco, desculpe minha demora.
Porém valeu a pena. Fiz uma viagem
longa com a companhia dos seus
poemas.
Poeta, o jogo com a palavra 'falo'
está extraordinário.
Obrigada por tanta beleza em uma
preguiçosa tarde.
Beijos e início de semana gostoso
e poético.
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