segunda-feira, 10 de novembro de 2008

EXIGÜIDADE

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Sobre Um Certo Paciente do Dr. Freud
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( Para Vicente Franz Cecim )
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Só três tipos de noite
o vestiam:
------------- a de poeira & ossos
------------- a de poeira sem ossos
------------- a sem poeira, só ossos
&
pouco lhe restava
-------------a proceder
-------------nesses nojos
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, além da obrigatoriedade

- de se inalar enxofre
enquanto almejava a horizontalidade
------------da planície;
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- de desviar de cobras
------------emplumadas
& de anfíbios
------------escamosos;
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, além de
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- arar o mar & nadar contra gumes de facas;
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&
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- debater-se
na Babel ao cavoucar o paredão
de pedras

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------------[ ou ]
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------------- dançar
------------pra uma platéia
------------de fantasmas
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Boa mãe: a floresta pare e devora
------------os próprios frutos

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9 comentários:

Fabrício Brandão disse...

Vicente é um amigo querido e um excepcional operário das palavras sensíveis. Bravo, meu caro Chico, por traduzir em poesia signos precisos em torno dele!

Abraços, querido!

Graça Pires disse...

A vida e a morte no mesmo olhar do poeta... Gostei do poema.
Um beijo Chico.

Adriana Godoy disse...

Olha, não conheço esse Vicente, mas a poesia é universal e posso afirmar que é um ótimo poema. Muito bom mesmo!

Márcia Maia disse...

Conhecei Vicente no final de semana, durante a FLIPORTO, em Porto de Galinhas. Impressionante.

Estes versos finais parecem ele.

Um beijo daqui, Chico.

Anônimo disse...

Olá Assis, muito obrigado pelo comentario lá na Verbo21. Foi otimo conhecer seu blog poético, mesmo. É muito lindo. Quanto aos Urubus, eles também tem sua beleza, assim como os corvos e a madrugada. Voltarei sempre.

Grande Abraço

Sr do Vale disse...

E pensar que passamos por tudo isso, e as vezes nem percebemos.

abraços.

d'Angelo Rodrigues disse...

O Chico surpreendente e inventivo de sempre. Pérolas como "arar o mar" só nos deixam uma alternativa: mergulhar nessa Babel e apreciar seus belos frutos.

Cristiana Fonseca disse...

Belo. Dominio perfeito das palavras, simplesmente divino teus poemas.
Abraços,
Cris

Anônimo disse...

Toda Babel nos leva àquela sensação íntima de algo/?alguém jogando com nossas vidas.
Temos alguns bons dicifradores deste mistéiro, Freud é um deles, mas infelizmente o pouco que conseguem é propor-nos mais mistérios. Lembramos as palavras sábias daqueles que nos amam, principalmente na infância, quando nos ensinam métodos para enfrentar os escuros, os vasios e lotados da alma. E acho que me sinto assim, aprendendo tais sabedorias, ao conhecer suas palavras&idéias, Chico. Mas nisso não há nenhum mistério, em tempos de blog, ainda sou um bebezinho. Aparece lá para curtir meu choro dengoso, rss.
http://devir-antesdosnomes.blogspot.com/

Aquele abraço.