ESPECTROS

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O Troglodita dos Pântanos
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( Para Silvia Mendonça, L Rafael Nolli

e F@, de Portugal )
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O troglodita dos pântanos
deixa sua cava
pra bem saber
----------------que o que governa o mundo
----------------são coisas voláteis
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são almas de campos
----------------& nuvens
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sol, pensamentos
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arrepios & cópulas
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Com as artérias íntegras
perde-se na porosidade da terra
----------------nas poças & no mimetismo das rãs
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Cada minuto lhe cai folha verde
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: o que promove o giro
tem sempre
----------------um dedo
----------------do
----------------insondável
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Seus deuses são de pó
& suas mulheres
frágeis
plumas
de vidro
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Ele as lambe
lambe
com um pé na pedra
e o outro na água
&
assim
elas se desdobram
como os tentáculos
de uma sépia
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para dar-lhe filhos
fortes
brutamontes, sonhadores
mesclados
de
terra
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&
também
dão-lhe filhas
lindas
lisas
cinturadas
& hábeis
nas mãos
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Tudo que é seu
----------------leva um remate de faiança
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----------------um esmalte
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a despeito da sombra monstra
----------------que o acompanha
à luz da tocha
ou do sol
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Ele
não se lasca
co’a sombra da morte
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não planeja seu devir
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resolve seus apertos
com parcimônia
, sem volteios
ou muito
pensar
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: um grito
: uma pancada
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& é nó
desfeito

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