e Marcelo Tápia )
*
Areia e cinza:
o vento embaralha
passados
que nunca morreram
*
*
a fuligem das eras
sem saber de rajadas
ou fogo
*
o que nos
acomete
*
Nada além do humano
retorna do espelho
*
só nós nos mutilamos
no intento de talhar
a própria sombra
para sermos
celebrados
*
O passado, perene, se amolda
a cada instância
, o presente é um ontem
requentado
& o futuro
são gavinhas da mesma rama
*
[ O Olho
do cão ]
*
*
---------------O olho do cão
---------------não se estatela
: não lhe há pensar em morte
*
*
[ O sono
do cão ]
*
*
---------------O sono do cão
---------------é tranqüilo
no trapo de um hoje sem tempo
*
*
grande bobagem
ensinar os filhos
a chorar seus mortos
*
18 comentários:
Os animais não pensam sobre a morte, eles morrem. O polvo não sabe do mal que nos acomete, e vivemos, à espreita da morte, com o passado, o presente e o futuro se entrelaçando num jogo quase cruel. Chico, esse poema me causou beleza e um sentimento de tristeza e impotência. Belíssimo poema. Beijo
Meninas & meninos amigos meus, desculpem a falta de tempo pra reciprocar minhas visitas aos vossos (chique hem !) blogs. Sempre que consigo visito alguns- adoro lê-los, vocês sabem- mas vivo dividido entre duas cidades e envolvido em mil coisas. Meu blog andou abandonado por um bom tempo, está difícil até de me dedicar mais a ele. E, como se não bastasse, minha cabeça é hiper-ativa, de modo que o resto do corpo e as virtudes da alma terminam padecendo. Como Maria Antonieta, sinto que preciso por minha cabeça pra descansar.
Beijos e abraços... cada um de vocês escolhe o que quiser dentro do limite do bom senso.
Eu precisava dar esta explicação a vocês. Afinal sou um gentleman, putakipariu !!! rsss
"Nada além do humano
retorna do espelho"
adoro o símbolo do espelho e adoro suas poesias. A imagem tb é espetacular.
beijos ternos
Assis, não faz mal que você se ausente por um tempo, porque quando escreve é uma apoteose. Descanse a sua cabeça, mas não nos deixe acéfalos. Beijo.
"só nós nos mutilamos
no intento de talhar
a própria sombra
para sermos
celebrados"
A exacerbada vaidade de hoje pode ser retradas com essas palavras.
Parabéns o teu blog é inteligênte,gostei muito do teu espaço.
Um abraço
Gê
Chico, esta poesia é uma das melhores que li nos últimos tempos. Forma e conteúdo perfeitos. Sensibilidade, mas uma certa melancolia. Tiremos a areia e o cinza, no entanto, os filhos não devem chorar os seus mortos.
Buda, vc é sábio.
Adoroocê...!
k.t.n.
Que bonito, Chico! Adorei seu blog, as poesias e as idéias delas. Obrigada por elogiar meu vento norte no poemadia
grande abraço,
helena
Não há um só verso aqui eu não tenha concordado inteira e intensamente.
Está desculpado e nem precisa reciprocar (adorei a palavra), só não pode parar de escrever.
Bjs
Rossana
Caríssimo Chico, quanto mais leio, mais gosto. Metafisicamente. E literariamente. Teu canto ostenta a crueza - e a leveza - do que penso: mesmo que (eu) nada intente. Abraços, Pedro.
Olá Chico.
Vento na brisa…
a aconchego na areia para enxugar as lá g rimas
entre o sono e o sonho
a cinza branca com raios de sol e sal … no b elo de te ler…
e reler na !magem li laz
Gostei mto….
!nfinito beijinho
Grande verdade: o futuro é a árvore plantada ontem!
Qto aos mortos... areia e cinza ao vento se misturam e somem!
Beijo poeta!
PS. recebeu meu convite? Conto com vc!
Olá meu caro doutor, é uma honra tê-lo como seguidor do meu blog. Suas poesias são belas, intensas, reflexivas , de um lirismo admiravelmente bem articulado. Gostei muito e voltarei ! Um abraço.
Chico,
Tua poesia é crua e delicada ao mesmo tempo, reflexo de tuas palavras leves, mas teus temas intensos.Quanto a falta de tempo, descanse, a poesia espera, a cabeça,não.
bj
(gostei do gentleman..rs)
Olá meu caro amigo, eu, embora também ande um pouco afastado, sempre que posso dou um pulo por aqui, quase nao comento, mas leio sempre.
Tua poesia me encanta, esse conteúdo biológico... essa fisiologia em versos é magnífica. a disposição espacial de teus também é um primor...
Parabéns...muitíssimos Parabéns!
Abraço e linda semana!
daufen bach.
vc é o mejor!!!
Caríssimo Chico Assis!!! Que belo poema! E, justamente, postado no dia do meu aniver, hehehe! Bom passear por aqui. Adorei especialmente a abertura e o desfecho do poema: tocantes! Abraços alados azuis, saudades.
Muito bom o seu blog, uma ótima leitura por aqui...
Beijos meus, com carinho.
Helena
Assis,
Inventário do tempo-compactado-no-humano.
Não se talha a própria sombra.
Celebremos o pachorento cão.
E seu Olho.
Abraços,
Marcelo.
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